quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Réquiem para Elke Maravilha!




Por: Walter Brito


Durante boa parte de minha juventude, eu morei no Rio de Janeiro, quando tive um bom relacionamento com o meio artístico. Vale lembrar, que antes de embrenhar-me pelo jornalismo e o mundo do Direito, fui professor de matemática e estilista de modas. Lá no Rio eu atuei na área da moda, quando tive casa de alta moda feminina em Ipanema e Copacabana. Neste período, eu morava na rua General Ribeiro da Costa, quando tive o prazer de ser vizinho de Elke Maravilha.
Meu primeiro encontro com a estrela, do programa do Velho Guerreiro Aberlado Barbosa, o Chacrinha; se deu na Cantina Fiorentina, no bairro onde morávamos: o Leme. Elke estava acompanhada do namorado, de quem me tornei amigo, o contrabaixista Rubão Sabino. Eu estava com a Fátima; uma jovem médica psiquiatra e recém-formada. Eu e ela: vivemos juntos por dois anos na capital maravilhosa. Naquela noite, Rubão contou tudo de sua profissão, quando escrevi uma bela matéria para o Jornal última Hora, dirigido naquele período, pelo saudoso amigo, o jornalista Oséas de Carvalho. Rubão, foi parceiro de Gilberto Gil e do internacional Dom Salvador. Ainda ao meu lado em nossa mesa, os amigos e militantes da causa negra, os saudosos: Zózimo Bulbul (cineasta e ator) e Oswaldo Ribeiro (advogado e sindicalista). Bulbul naquela fase, tinha vencido no programa de TV, do apresentador Flávio Cavalcante, o concurso do negro mais bonito do Brasil. Ribeiro tornou-se anos depois, o primeiro secretário de Estado negro no país. Foi secretário de Orestes Quércia em São Paulo e em seguida: suplente de Fernando Henrique Cardoso, no Senado Federal.
Rubão sabino ficou emocionado, quando o autor de Sá Marina e País Tropical, o saudoso Wilson Simonal, saiu de sua mesa para nos cumprimentar. Certamente, Rubão Sabino, hoje, está de luto: lá no Espírito Santo, onde nasceu! Na terra de Roberto Carlos, o ex- de Elke: curte sua merecida aposentadoria e relembra os velhos tempos.
Foi lá no Espírito Santo também, que um dia do ano de 1992, eu cheguei acompanhado de Nelson Mandela, quando veio a primeira vez ao Brasil, após sair do cárcere, onde passou 27 anos e, visitou o Brasil, pela primeira vez. À época, eu era Diretor Financeiro e vice-presidente da Fundação Palmares. Assumi a presidência daquela instituição vinculada a presidência da República, para representar o presidente Fernando Collor de Melo, na cerimônia organizada para o líder Sul Africano, no Palácio Anchieta e também no Estádio Cariacica. Naquela ocasião, governava aquele Estado, o afrodescendente, Albuíno Azeredo.
O velório da Russa mais brasileira que já vi, está ocorrendo no Teatro Carlos Gomes e o sepultamento será às 17 horas de hoje, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. O vestido que ela será sepultado, foi criado pelo estilista Breno Beauty; enquanto que sua maquiagem, foi feita por uma equipe de maquiadores, que Elke adorava.
A última vez que vi a manequim, atriz e amiga de longa data, que faleceu ontem aos 71 anos de idade, foi no velório de outro amigo: meu e dela; Grande Otelo. Como dirigente da Fundação Palmares e por meio de um pedido do presidente Itamar Franco, organizei o velório do protagonista de Macunaíma, que morreu em Paris, quando ia receber um prêmio, pelos seus feitos no mundo da dramaturgia.
O velório foi no Rio, no Palácio Gustavo Capanema, com as presenças de: Leonel Brizola , Oscar Niemayer e a vedete Virgínia Lane, entre outras personalidades. O sepultamento ocorreu um dia depois, na cidade de Uberlândia, quando segui num avião da VASP, fretado pela presidência da República. Comigo no avião: todos os filhos do Otelo, suas duas sobrinhas que moram em Brasília e, sua última namorada!
Como se vê, a maioria dos personagens que citei neste artigo, já morreu! Percebo que Deus tem sido generoso comigo e breve, lançarei o livro: 60 anos de um repórter, antes, que eu complete 61.
Parafraseando o amigo, Júnior Friboi, que me convidou para seu aniversário de 100 anos, agora, que tem apenas 55; eu repito: vou chegar aos 100 anos trabalhando.
Que Deus faça o encontro na eternidade, de meus amigos : Elke Maravilha e Grande Otelo: dois ícones da cultura e da alegria em nosso país!

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